quinta-feira, agosto 31, 2006

Acho que não é a dúvida a crueldade. É o medo.
O horror é tanto que me dá náuseas. As imagens ficam vindo à minha mente e eu não consigo me concentrar.



Sento embaixo do chuveiro quente e me deixo escorrer com a água, direto pelo ralo. Se minha pele, ao menos, pudesse ser derretida com o calor, talvez eu não ficasse tão obsecada com a dor que me sufoca.

terça-feira, agosto 29, 2006

[se todas as palavras se resumissem em uma, hoje, seria dispersão.]
A dor da dúvida é sempre a mais cruel.

domingo, agosto 27, 2006

não, não tá bem.

segunda-feira, agosto 21, 2006

"sei
que a tua
solidão
me dói."
i.need.a.hint
[a gente nunca esquece o que foi]

é que o passado está impregnado na pele, no olhar, no jeito de andar. no ir e vir: é tudo passado, presente, futuro.
não dá pra esquecer o que se foi: é justamente a ida que cria significados novos.


mas, o que se impregna torna tudo tão difícil: o passado é uma vida de cartas marcadas, viciadas em cair na mesa.
saudade.

domingo, agosto 20, 2006

agosto.2005




não sei que dia chegou. sei que era quente, a manhã mais bela, embora eu deteste sol.




foi-se, envolto no cinza.

quarta-feira, agosto 16, 2006

eu
quero
ver
o
sangue
que
escorre
da
face.

ou seria lágrima?
["cala essa boca que isso é coisa pouca perto do que passei. eu que lavei os teus lençóis sujos de tantas outras paixões..."]

sábado, agosto 12, 2006

["Sure I know you'd like to have me, talk about my future and a million words or so to fill you in about my past. have I sisters or a brother? when's my birthday how's my mother? well my dear in time I'll answer all those things you ask.

...

Some fine day when we go walking, we'll take time for idle talking, sharing every feeling as we watch each other smile, i'll hold your hand you'll hold my hand, we'll say things we never had planned, when we'll get to know each other in a little while"]
[coito interrompido]



são frases sem sentido, em horários sem sentido, para pessoas sem sentido.







ressaca é isso.

quinta-feira, agosto 10, 2006

josé gonzález. hints.


["when the crowd is waiting for the final kiss, the one which allows them to sleep well
we walk along the wrong path, the one which leed us to our own blessed.
we need hints before we get tired
but we need hints before we get tired
now we need hints before we lose pace
now we need a hint to know we're on the right track"]

quarta-feira, agosto 09, 2006

cidade

belo horizonte é
memória rareada.


som, voz, verso
escondidos
embaixo da escada.


é memória enfraquecida:
mas, se retoma
e se renova.

quinta-feira, agosto 03, 2006

cidade


escapa pelos meus dedos
o azul-claro deste céu:

enxergo cinza, preto
branco.

verde, desbotado.

o que me passa
desapercebido
é o colorido que tive:
o olhar que se foi.

o brilho afogou-se.
sobra cinza, preto. branco.

e sua pele, amor,
de um tom
verde-desbotado.
.toca o saxofone.

["is it a crime? is it a crime? that i still want you. and I want you to want me too.


my love is wider, wider than victoria lake. my love is taller. taller than the empire state.


i can't give you more than that."]
[arrumar a estante e os papéis é sempre uma surpresa.]


um envelope verde, sem remetente ou endereço, e eu abro. é surpresa, porque achei que tudo tinha ido embora. que tinha jogado tudo fora. foi surpresa: eu não queria encontrar nada que restasse de você em mim, já que de mágoas eu estou cheia! foi surpresa. eu não queria que ressoassem as palavras falsas nas paredes do meu quarto. eu não queria que som ou imagem aparecessem, não sobre você.


mas, a maior surpresa, meu bem, é que não doeu. essa dor é velha e outras já vieram: não mais fortes ou piores. a que você causou foi de me tirar o chão, de me ruir o mundo. só que é assim: as palavras ressoaram vazias como sempre foram; eu é que dei significado demais a elas quando nada existia. as palavras ressoaram. porém, feias.

e eu não tenho dó de jogar fora. logo, o envelope verde será papel reciclado.