Em outubro:
"Se as almas existissem, e tivessem nomes" - dizia nos dias tristes - "seriam substantivos-adjetivos. Não importa se não existe essa definição na gramática, seriam assim e ponto. Os nomes sairiam combinados com acada alma e pessoa, com cada ser.
Felicidade, tristeza, frieza, agilidade... Todos esses nomes, sentimentos, ainda substantivos, e não qualidade de almas, seriam os delas."
Mas - contestei eu - por quê dar nome às almas?
"É mania" - respondia.
E todos os dias tristes era a mesma estória. Pro franceses, almas em italiano; pros italianos, almas em alemão; pros brasileiros alma em português mesmo, talvez; pros ingleses, alma em espanho. E assim ia, todo dia.
"Andei pensando - certo dia falou."
O que - perguntei sem interesse.
"Se almas existissem e você tivesse uma, ela se chamaria dor."
A sua também seria dor - retruquei eu, depois do susto, mesmo sabendo que aquilo era verdade.
Eu sei. Mas eu não fujo disto, querida. Eu vivo isto. Enlouqueço dentro disto. Sou a arte. Mas a alma, não tá aqui, se estivesse, não nego que seria a dor. - ela disse, me calando.
Eu pensativa, não tinha mais respostas.
Afinal, por quê não acreditamos em alma? - perguntei levatando o copo da mesa e fazendo o líquido descer em uma tragada.
Oras, porque a gente não quer se culpar. Acho.
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