A insustentável vontade de não estar
É não querer seu colo. Por pura inveja. É saber que meu choro não tem culpa, e o de ninguém deveria ter. Não é culpa de ninguém, a dor. Esta, que perpassa fina pelos dentes, aparece assim, de repente. É a parte boa que deve contar da noite, nunca a parte ruim. Não é culpa, meu bem. É a 'insustentável leveza' de me ter como eu quero e não me conformar a vontade de não estar.
É o gole amargo de mim mesma que tenho que engolir todas as noites, depois dos copos de cerveja.
Não existe culpa, meu bem, se a dor que me afaga é um aperto no peito que não está firmada em alguém.
Meu coração aperta-se e não há pessoa por quem ele bate, além de mim mesma. E é vontade da independência, e ao mesmo tempo, a locura para que haja amor, a confusão do ser.
Essa vontade de não estar e não ser, sufoca.
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