Parou na primeira esquina, olhou os vidros encardidos pelo tempo sem serem limpas.
Pensou nos meninos lindos que já tinha visto, naquele mesmo lugar. Olhando para ela lá de cima. Pareceu deja vù.
"Sentir a vida toda passar pela frente dos olhos não é privilégio de quem está pra morrer", pensou consigo mesma. "Deja vùs parecem bem experiências de quase morte".
Fitou o corpo nu acenando como se a conhecesse. A vontade de entrar, sentar no colchão velho, tomar um gole de conhaque, quase foi ao topo. Mas ficou. Só fitou. Reparou em todos os erros das suas pinturas quase-rupestres que decoravam as paredes daquele apartamento dolorido nas lembranças. Mesmo que as paredes fossem invisíveis daquela distância.
Engraçado como as lembranças fazem do resto nada, coisas fáceis de se imaginar. Viu cada centímetro do apê. Reviu todos os momentos felizes, tristes, loucos que passou ali.
"Quem me dera viver de novo. Agora já escolhi fugir de mim".
As escolhas tão tristes dentro de uma tristeza bela acabaram com sonhos incoerentes dentro de um mundo tão perfeccionista.
Já se foi a época de ser ela mesma.
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