segunda-feira, maio 17, 2004

Nina,

passei a noite toda chorando suas lágrimas, e ainda assim, vejo que não existem potes o suficiente para que todos sejam enchidos até a borda, para que as lágrimas acabem e eu consiga a paz de não ter mais olhos doloridos pela manhã. Eu sou uma grande azarada. Minhas lágrimas são as de todo mundo, e eu, sinto tudo aquilo que nunca deveria ter aprendido a sentir.

Se antes eu desprezava os condicionamentos, hoje sei que eles funcionam, e muito bem, independente de nossas vontades.

Nina, estou há horas ouvindo as mesmas músicas, e processando as mesmas coisas entaladas na minha garganta desde o nascimento, e vivendo minutos que não pensei que existiriam.
Nina, ouço sua voz em todos os cantos, e admiro sua loucura, sua tristeza, sua força de lutar, embora as pernas tremessem e as pessoas nunca te vissem.
Elas nunca me vêem também. Mas eu vou levando, Nina.

Nina, passei a noite toda pensando em pianos, em vozes, em choros, em lágrimas. Passei a noite inteira chorando passados.
Só que ainda sou presente.

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