quinta-feira, novembro 28, 2002

Da Inconstância das Coisas do Mundo

Nasce o sol e não dura mais que um dia
Depois da luz se segue a noite escura
Em tristes sombras morre a formosura
Em contínuas tristezas, a alegria.

Porém, se acaba o sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no sol e na luz, falta a firmeza
Na formosura não se de constância
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

Gregório de Matos

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