segunda-feira, novembro 04, 2002

Chovia, nem o sangue, nem o fogo, nem as lágrimas. Chovia mas não chovia o clichê. Perderam-se as gotas brilhantes e fantasiosas de espiritualidades famintas por crenças.
Negro era o piche que circundava suas narinas. Ah, bonito dia cinza de gotas pegajosas! Mas seus olhos já não podiam vê-las, é porque não chovia o clichê, não choviam suas mágoas frias e egoístas, não chovia sua autopiedade.
Chovia a secura, escassez do que era, abundância do que teme. Nada de fadinhas a brincar com o orvalho, nem demônios a queimar amores.
Chovia o oposto da pieguice.

Roubado descaradamente da Pata.

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