Calada, sentou na beiradinha da cama, como se quisesse cair, mas fazendo um esforço enorme pra ficar.
Na rádio cabeça ouvia ruídos, e uma voz parecida com verniz fosco: bonita, mas nunca suave, nem transparente, dolorida.
Protect me from what I want
Maybe we're victims of fate....
Com o semblante perene, pensou em coisas trágicas, em acidentes cruéis, em torturas físicas, em preconceitos morais. Relembrou o porquê não queria salvar o mundo, se recusou a morrer pra poder ver o final daquela imundice, dessa imundice. Destes passos nojentos que todos escolhem dar, se a escolha existe. Pode ser simplesmente o destino.
Sentou no chão, juntou o caco de vidro com o qual havia se cortado antes de dormir, viu o sangue pálido que escorreu pelo chão e caiu em si. Notou que não adianta. Só existe loucura, só existe falta.
Falta de felicidade.
Falta de amor.
Falta de liberdade. Só existe loucura.
Pensou em se matar, mas fez promessas.
Como posso viver de promessas? E não descumpriu.
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