E ela escreveu um romântico texto em homenagem àquilo que ama.
E eu até podia fazer o mesmo.
E falar de todas as bocas que quis beijar, de todas aquelas que beijei, de todos os porres, de todos os meus desânimos, Londres, agora, Manchester, de luas que se passaram e eu não reparei no céu, de todas as prisões em que estive, de todo amor que sinto por ele e de toda raiva que, às vezes, finjo que é por causa dele.
E de todos os livros que li e esqueci as estórias, e de todos os livros que escrevi em meu cérebro, como planos pro infinito, mas que nunca se realizam.
E podia falar delas, mas já não sei se mereço dizer uma palavra sobre a perfeição. Porque elas são perfeitas. As duas.
E poderia falar sobre a outra, a que conheço há pouco tempo e que já me faz falta, porque me cativou e sei que nunca vou ter mais do que já tive.
Poderia me declarar pra ele, mas eu me declaro todos os dias, e ralho todos os dias, e falo que vou embora todos os dias, mas fico! E amo, e sei lá se ele quer me ouvir.
E quanto mais vou me lembrando dos fatos, dos bejos torpes no parque, e nos amores que deixei pra trás sem ter esquecido deles, e todas as coisas boas e toda a vida ruim, eu vejo que o que eu sinto não é assim, tão pouco pra ser esquecido no primeiro banho de lágrimas.
Eu não homenageio à ninguém. Muito menos à mim.
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