Assisto minha dor crescer, baby.
Sentada na minha cadeirinha na varanda, vejo minha vida passar diante de meus olhos, como os relatos de quem está à beira da morte.
E ouço My Morning Jacket, deprimida, pergunto-me quando e por quê. Por que será que enxergo com tanta clareza os erros, e os acertos passam despercebidos por meus olhos? Será que já estou cega para as bondades, para as certezas? E se, por um acaso, eu me lembrar que sei que existiram bons momentos, e ironicamente, não encontrar dentro de mim quais são estes?
Assisto, de camarote, no melhor lugar da arquibancada, a minha dor florescer, a mais bela das flores da árvore das desgraças, e, quase sem querer, se entrelaça com outras dores que não sei de quem são... e me sinto muito humana.
Quando tudo o que eu queria era uma lembrança pequena de suas mãos longas passando em meu cabelo, minha memória mostra-se puramente tristeza. E as recordações de dias bons e toques e palavras lindas que saem tão maravilhosamente de seus lábios, se transformaram em pequenos pontos de descontentamento.
Querido, minha vida se tornou um eterno segundo-luz. Um segundo-luz que nunca desfalece, e não me leva embora daqui! O tempo não passa, mas as lembranças acabam-se em minhas palmas cruéis e ácidas. Palmas par ao freak show no qual minha vida se transformou com a perdição, com a perda do amor.
E se, agora, sento-me e as lágrimas não escorrem por entre os leitos que formam-se em minha face, é porque eu sei, ah se sei!, que a dor é, e sempre foi, o que me mantém. Não há amor que faça de mim um ser. Só a solidão e o desejo que nunca se relaiza me torna o que sou. Se sou algo, só a sutileza da dor, algum dia, poderá me descrever.
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