quinta-feira, janeiro 08, 2004
Pois escutei alguém falar sobre adolescentes. E deparei-me com o fato de ser uma. Uma pequena menina que está crescendo e que talvez nunca seja adulta. Não, eu não quero ser adulta! E cada vez que penso em brincadeiras, e depois penso em poemas, flagro-me no terror de entrar em um rito de passagem e ter de deixar de ser eu mesma para virar outra, completamente alheia, incluída em um mundo louco onde neo-fascistas se formam em universidades, e neo-artistas morrem de fome em sinais de trânsito, pintando faixas para jantares benficentes. E de repente, ouvi na televisão que Malhação era programa para adolescentes, e por um instante quis não ser mais humana, e não passar pela lavagem cerebral que este tipo de showzinho ao público jovem televisivo promove. Mas não se enganem. Não quis ser adulta mais rápido, só quis deixar de ser humana. Se é que ainda chama-se de humanidade esse amontoado de desgraças que temos incrustrados em nossos corpos. Mas, eu sei, isto não vem ao caso. O fato é que eu estou envelhencendo. E se antes tinha 14, e ria matando aula para comer brigadeiro e assistir "Sociedade dos poetas Mortos" na casa da Ludmila... hoje, Ludmila tem uma filha de um ano, e foi confundida com uma adolescente por seu médico imbecil - como a maioria dos médicos, desculpem-me - enquanto ela é até uns dois anos mais velha que eu. Só uns dois anos, e com uma filha de mais de um nos braços. Quase morreu quando descobriu que estava grávida. Mas está aí. Virando publicitária. Publicitária! Pelo menos ãoo é jornalista, pois convenhamos, os jornalistas mais legais são aqueles que nunca exerceram a profissão. Inclusive, a mídia adora falar de adolescentes... como se fossem um bando de babacas. E são. Nós somos. E quem não é? A criacinha que acabou de nascer? Talvez. Mas em dois meses, estará estragada. Não há nada que não se estrague nesse meio. Voltando ao assunto, i'm still a teenager. Fuck! Ainda aprendendo inglês, enquanto tenho uma amiga que já está lá pela terceira língua. Idioma, otário. Não da boca. E outra, que dá aulas de francês e termina a graduação em um semestre. E eu aqui, desperdiçando a chance de terminar em um ano e meio. Um ano e meio... Coisa de adolescente mesmo. Perder tempo. Perder tempo comigo.
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