E vi uma criança passar na rua, carregando uma bola, dessas que voam, vermelha, em uma de suas pequeninas mãos. Na outra, levava um pirulito, igual àqueles do Chavito, grande, colorido. E eu passava, e observava como cachorro que se senta em frente á padaria, olhando os frangos rodarem na televisão de cachorro.
Eu olhava tão ávida para a criança que o vazio que sentia em mim já quase não aparecia, e eu esquecia todas as desgraças... A única coisa que brilhava em minha frente era o passado que se reveste de presente, e dá esperanças de futuro. E, em muito tempo, rezei para que houvesse proteção, para que houvesse permanência, para que houvesse tolerância, para a perpetuação da vida. E pela primeira vez em muito tempo, desejei ser assim, jovem, viajar em uma máquina do tempo sem ter que enfrentar paradoxos ditados pelas leis da física, e quis desaparecer em uma cauda de cometa gelado, sentir o vento dos novos caminhos e possibilidades. E desejei, incensatemente, e abracei-me ao jatobá... desejei incansavelmente que eu voltasse a segurar balões e pirulitos e a sonhar.
E vi uma criança pequenina atravessando uma rua deserta. Observei pouco a pouco, até que a última poeira que saía de seus pés lentos sumiram de meu campo de visão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário