sábado, janeiro 24, 2004

Querido,

colocarei as cartas no correio amanhã. Chegarão todas juntas.

Hoje resolvi contar as coisas felizes. Mas o céu está nublado e não pude sair de casa. Então me encolhi embaixo do mesmo edredon e chorei. Chorei de raiva de não poder ver o dia passar. Porque quando existe tédio o tempo pára! Liguei para uma amiga para nos fazermos companhia, mas o telefone não foi atendido. Aceitei o convite do Márcio para dividirmos nossos momentos inóspitos com chá e vodka... só que ele mora longe, assim como você, querido. Se eu tenho uma sina, com certeza é o azar para a distância. Qualquer psicólogo diria que estou fadada a morrer de amores pelo que está longe. Pois, nunca morrerei de amores por mim... e isto entristece, não é?

Quem me dera você estivesse aqui. A cidade toda cheira a chá. Até eu ganhei uma caixa de chá de flores brancas. Engraçado, o chá é de flores brancas, mas a cor dele é vermelha. Cor vermelha, como rosas. Sei que você iria adorar esse cheiro de chuva que se mistura ao cheiro de chá que infesta todas as ruas. Daqui a pouco, tenho certeza, só restará o cheiro da chuva, e os dias voltarão a ser deprimentes.

E, meu amor, irá dentro da caixa de cartas um pequeno envelope. Lá está um pedaço de meu coração que se partiu junto com sua ida. Retorne com ele, se voltar.

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