Se eu fosse falar de obviedades, acabaria em clichês eternos, querendo falar de músicas que me marcaram, mas que não lembro o nome, caindo em uma ironia, de gostar e não saber do quê, de ser e não saber o quê. Se eu fosse falar de todas as coisas óbvias iria falar de todas as letras que já quis plagiar, e de todos os poemas de blogs - porque eu só leio poetizas e poetas de blogs, pouco assídua com livros - que já quis que fossem meus! E de todas a inveja que já senti, e de todos os medos que tenho, e do único que me faz querer pular da janela agora. Se eu fosse falar de obviedades, mais do que já falo, qualquer um notaria que minha vida é uma farsa fácil de ser desmascarada, e que minhas filosofias baratas só funcionam em bares, e com desconhecidos, e que meus pensamentos se travam, e que eu não vejo muita originalidade nos movimentos simples que estão por aí, e que eu não reparo nos dias e nas noites. Se eu fosse dizer o óbvio, iria dizer que tenho a pior memória do mundo, e nem precisei de dorgas para isso, e nunca reparo na lua, e não gosto de dias ensolarados, e não gosto de céu azul claro... e que não acho que nós temos um céu que é nosso mar, e que não gosto de areia da praia, e que praia só é bonita em foto, porque sol, areia e sal são as piores invenções da combinação louca do planeta. Ah, se eu fosse falar de obviedades, seria tão simples entender porque a vida não tem mais sentido para mim, ou nunca teve, e que escritores de blogs, raramente publicam livros. E que poetizas (sas?) não são a escória da humanidade, e eu sou a escória. Meu amor é o patamar. O mais alto! Inatingível. Meu amor. Se eu fosse falar do escancarado, falaria de meus sentimentos simples e frágeis, e de meu coração que bate dia sim dia não... grita forte e depois se cala, subitamente, para me dar espaço para sentir a fadiga de uma vida praticamente inerte. Logo eu, que prezo tanto o movimento.
se eu fosse falar de mim,
aberta ao público
não teria o que dizer.
o que sou eu, senhorita
serei digna de sangria?
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