sexta-feira, abril 11, 2003

Sentou-se com a cara assustada diante do espelho azulado pelas luzes lá de fora.
Enxugou então o suor que se misturava com as lágrimas de um pesadelo terrível.
Olhava o relógio com vontade de quebrá-lo por não ter feito a hora passar desde a última vez que se olhou no espelho. Levantou lentamente e com passos de tartaruga andou até a cozinha pra pegar um copo d'água.
Os simples atos de abrir a torneira do filtro e ver cair a água no copo, estender a mão e pegar o pano pra secar o chão molhado de água da visita anterior pareciam abstrações perfeitas de uma mente insana.
Aterrorizada com a idéia de poder morrer sem ser suicídio (mesmo que fosse mais do que comprovado que morreria assim), estragou toda a sua sobre-vida.
De suicida em potencial passaria pra manchete de jornal sobre violência: "namorado exaltado mata compnaheira".
Os tiros que viriam de todos os lados, a tristeza de ver o ser amado que não respeitou sua vontade. O sonho que não é sonho, já que todos os planos se acabariam em nada.
"O suicídio é belo!" - pensou desorientada - "Por que me mataria antes de eu decidir?"

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