domingo, junho 13, 2004

A vida não se mantém por um sonho. Nem por dois. Nem por mil. A vida não se vive porque tem-se sonhos. A gente se mantém vivo porque temos, todos, grandes ilusões. A imagem do que o mundo pode ser, a idéia de que pode haver um dia melhor do que hoje, embora todos os dias mantenham-se piores do que os ontens...
A vida. A gente vive porque somos um bando de mentirosos. Um bando de infelizes. i-n-f-e-l-i-z-e-s. A gente até chora.
Nós até choramos.
A vida não é feita de sonhos. A gente é que vive pensando que sonhamos. O sonho sempre pode tornar-se realidade.
A vida não se mantém por nada. E o mais triste é que sequer pode-se escolher quando acabar com ela.
Dar um soco bem no nariz da vida e ver se ela revida. Porque ela vive dando porrada e ninguém faz nada.
A vida só morre para quem quer viver. Para quem não quer viver, a vida é sempre longa. A vida estende-se por um fio e vai acumulando doenças. Até que uma hora, quem vive não aguenta esperar mais um minuto, mais um grito, mais um choro.
E morre. Assim mesmo, sem paixão, só dor. Sem sonho, só solidão.
A vida mantém-se para quem não quer viver. Para quem quer e sabe que não tem vida - nem sonho - resta gravar fitas de despedida e segurar lágrimas nos olhos para que tenha algum sentido dizer que se é feliz.

Alguém me disse que a felicidade é para os ignorantes. Mas deve ser mais do que isso. Tem que ser mais do que isso.
Talvez... a felicidade seja uma crença. Como a vida.

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