quinta-feira, agosto 03, 2006

[arrumar a estante e os papéis é sempre uma surpresa.]


um envelope verde, sem remetente ou endereço, e eu abro. é surpresa, porque achei que tudo tinha ido embora. que tinha jogado tudo fora. foi surpresa: eu não queria encontrar nada que restasse de você em mim, já que de mágoas eu estou cheia! foi surpresa. eu não queria que ressoassem as palavras falsas nas paredes do meu quarto. eu não queria que som ou imagem aparecessem, não sobre você.


mas, a maior surpresa, meu bem, é que não doeu. essa dor é velha e outras já vieram: não mais fortes ou piores. a que você causou foi de me tirar o chão, de me ruir o mundo. só que é assim: as palavras ressoaram vazias como sempre foram; eu é que dei significado demais a elas quando nada existia. as palavras ressoaram. porém, feias.

e eu não tenho dó de jogar fora. logo, o envelope verde será papel reciclado.