sexta-feira, fevereiro 28, 2003

_ Deixo você dirigir hoje.
_ Não fale besteira. Eu não sei dirgir. Como se você não soubesse disso.
_ Tenta.
_ De jeito nenhum. Vou bater seu carro. Não quero prejuízo antes da carteira de motorista.
Andaram, entraram no carro. O silêncio desconfortável reinava. Todos os pensamentos tristes, todas as lembranças. Todo o rancor, a vontade de gritar "por que você simplesmente não desaparece?". Não que ela estivesse confusa.
Claro que não. Ela que não pediu pra que ele ficasse quando era pra ficar. Só queria que ele sumisse, desaparecesse. Sem ela.
_ Gostou do filme?
_ Mais ou menos. É divertido.
Ele fugiu. Ela deixou. Deu tchau, boa viagem, calou-se. Saiu do carro como sempre. Essa era a hora que ele deveria ter ficado. Falado tudo o que nunca falou, aberto o livro da vida desconhecida. Mas ela deu tchai, ele seguiu seu rumo. Mabos seguiram. Caminhos opostos, vidas opostas.
_ Eu vou sumir.
_ Você sempre some. Não me incomodo mais.
Pensou que tinha se incomodado só uma vez. Se incomodar de novo pela mesma coisa não valia a pena. Ainda mais agora.

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