quarta-feira, agosto 13, 2003

E sou uma escrota.
Com toda a sorte
Eu não quero nada.
Abandonaria
Saíria daqui
Mas já não tenho coragem de sumir
Deixar de ser quem eu construí.
Começar de novo.
Tudo do zero?!
Tudo do nada!
Eu sou um vazio
Oca
Árvore podre
Prestes a ser dilacerada por cerras
Cruéis
Célebres palavras dadas.
Eu sou nojenta
Porque tudo que consigo olhar na minha frente
São aquelas coisas que me neguei a ser.
Quando era criança
E jurei fidelidade ao meu cérebro
Hoje, não cumpro.
Disse que eu não ia viver de promessas
eu só vivo de redemoinhos.
Prometi que ia beber menos
E só gosto de fins de semana alcoolizados
E dias de semana
... e horas vagas.
E mentes mortas.
E disse que ninguém ia me conhecer
E que eu ia ser artista
E que iria-me embora dessa cidade logo
Mas o logo já passou. E estamos todas aqui.
Jurei ser Allen Ginsberg
E não chego perto de poesia.

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