quarta-feira, setembro 16, 2020

Quarta-feira.

As quartas-feiras são os dias em que eu nasci. São meus dias de potência, regidos pelo metal líquido que se faz planeta. Regidos pelo calor que me move, pelo combustível que queima incessantemente e que, à distância, me incendeia. As quartas são os dias em que posso reabrir as comportas para dar passagem ao rio que se forma em mim. Eu choro. E coloco, em seguida, em brasas os caminhos que tendem a se fechar. As quartas são dias de relembrar quem sou. De onde vim. Da dor. Da tristeza. Da violência. E de onde me refiz: na candura, no cuidado, na aceitação da fragilidade. Os metais, quando quentes, são maleáveis. Ao entrarem em contato com minhas lágrimas, endurecem. E fazem-se armas.

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