domingo, setembro 14, 2003

Meu cabelo é vermelho. Um vermelho mais que desbotado, que por mais retoques vai ser sempre assim, pra combinar com a minha cara-pálida de gente doente de solidão.
MEu cabelo foi loiro por uns 5 minutos, se preparando pra ficar laranjado. Meu cabelo não é loiro. O dela é. O do cara que pega ônibus comigo é castanho. O olho dele é azul. Gosto de cabelo curto.
Cabelo é papo fútil. Quem vai dizer mais de mim que o meu cabelo?

Cabelo não fala... sorte! Quem vai querer ouvir todos os meus pensamentos que transpassam a massa encefálica cinza e nojenta?

Meu cabelo é vermelho. Assim, esse vermelho cor de nada. Sem roxos, sem mexas, só do mesmo jeito sempre. Por mais que eu tente pentear diferente. As coisas são sempre iguais. Iguais! Alguém tem noção dessa entediante igualdade? Não é a que eu acredito, não essa.

Não tenho o tênis que eu queria. Não tenho o apartamento que tava louca pra decorar. Não beijei todas as pessoas que quis beijar.
Beijei quem amo.
Beijo quem amo.
Ninguém acredita.

Meu cabelo não acredita.
Quem sou eu pra falar de amor?
Eu. Nunca o segundo lugar, e nunca o primeiro.
Sempre fui o final da fila, e nesse mundo, os últimos nunca serão os primeiros.

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