domingo, maio 05, 2002

continuaçãozinha da história:

O sangue ainda passava por entre os móveis quando ele decidiu dar o primeiro passo e destapar o nariz... Foi andando bem devagar até a moça com o braço que se misturava ao mal cheiro, segurou a mão suja do cadáver com bolhas por todo lado, sentiu o calor que poderia achar que existia em um corpo morto.
Sentou-se na cama, com dó da garota morta. Sentiu dor, pena, raiva de si mesmo.
Sentiu pena, raiva e amor pela menina.
Sentiu tristeza, raiva, angústia pelo bebê que seria dele, se tivesse dito sim.
Um sim e nada teria acontecido. Um sim, e nem criança, nem choro, nem menina, nem nada teria acabado.
Um sim pra ir embora dali, um sim pra poder sair correndo por outro lado.
Mas nada muda o passado, nem as veias apodrecidas. Nada muda o passado... muito menos a lágrima retida. Nada põe de volta no copo o leite derramado.


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