domingo, janeiro 18, 2004

Querido,

sei que o dia já se foi e que não posso sair correndo e entregar-te minhas palavras agora... e que minhas páginas já não são suficientes para tanto amor. Se antes eu teimava em não escrever por saber que era um desperdício dizer e não ser lida, no momento, a maior sensação é a de que irei explodir se deixar de contar detalhe por detalhe toda a minha paixão.

Ontem olhei para o céu. Durante alguns segundos me pareceu mais bonito do que é realmente. Tive a impressão de que outras pessoas teriam a mesma sensação, e foi estranho. Nunca me senti assim, acho. E por um instante durante segundos que se passam voando, eu lembrei de você. E lembrei da distância. E senti sua falta. Muita falta. Olhei para o céu e não vi estrelas, aí pensei; amanhã o dia será frio. E é verdade. Foi então que desejei que ainda estivéssemos no início, no auge de um amor inocente... Para que nos deitássemos em uma cama quente, e contássemos os minutos de trás pra frente e do jeito normal para ver se poderíamos enganar o tempo. E eu achei que seria possível que ficássemos brincando até que o tempo se cansasse e o dia fosse embora. Aí alugaríamos um filme feliz e nos divertiríamos rindo de uma comédia romântica que mostraria situações esdrúxulas. Então, imitaríamos algumas das cenas, eu entregaria flores para você no metrô... aí você me olharia com o rosto cheio de lágrimas e declararia todas as lindas palavras que conhece, e nós tomaríamos banho de chuva - mesmo eu odiando banho de chuva - e tomaríamos sorvete no frio, e choraríamos de felicidade.

Ontem eu olhei para o céu, querido, e entendi o futuro do pretérito.

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