domingo, abril 28, 2002

Saiu correndo escada abaixo, com a pressa de quem vai morrer na fogueira, fugindo dos inquisidores. Saiu correndo, pegou a chave, abriu a porta tremendo. Queria ir logo, logo, logo. Sem ouvir uma palavra. Sair do inferno, pro lado de fora.
Saiu correndo, voando pelas ruas vazias, atrás de alguma coisa que fosse mais que vários nadas andando sem rumo, mais que olhos tristes, sem significados, vazios... como as ruas vazias. Os olhos, ruas, corações, mansardas... tudo vazio.
O som dos passos fortes iam fazendo ecos nos seus ouvidos, abafando o som das tristezas, gritos, sonhos.
Sonhos... despedaçados, ao vento, sozinhos.
Parou na frente de um casebre, olhou em volta, viu o céu nublado e o vento estranho. Subiu as escadas quebradas. Cortou a a pele no corrimão.
Não havia sangue vermelho, azul ou rosa. Só a dor.
Subiu enfim, seguiu o corredor, entrou à direita, abriu a porta de um quarto sujo, velho. Abriu a gaveta da escrivaninha, pegou a arma.
Jogou em cima de si.
E chorou.

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