segunda-feira, setembro 05, 2005

Estou a um passo de desativar este blog. Pois, ele está um grande muro de lamentações que sequer eu entendo. Hoje, eu sou Izolita. Amanhã, pode ser que seja Janaína. Mas eu queria mesmo era ser Isolda. E, como creio que amanhã serei Janaína, e ela consegue ser a mais melosa, deprimida, chorona, estou prestes a desativar a válvula de escape. Talvez, assim, a paixão que ela carrega no peito seja deslocada para outros lugares, para outras pessoas ou para si mesma.

Janaína, como Virgínia, ama sempre com as entranhas e não pensa nas conseqüências do fim. Janaína luta até o ápice da dor, até se deixar levar. Janaína morre todas as vezes. Pára de comer, beber, vestir, sentir. Janaína se deixa levar pelas lágrimas infinitas desses amores tão belos que a cativam. Tenho pena, porque ela nunca consegue mantê-los mais de uma semana. Janaína é tão amorosa, tão amorosa, que sufoca. Às vezes, a si mesma. Janaína não faz parte das belas estórias que o peixe grande conta. Não é musa, não é amor, não é adorada. Passa: e ninguém nota. Nunca vi alguém olhar nos olhos de Janaína e ser sincero. Nunca vi alguém pedí-la para ficar.
Os telefones noturnos que ela recebe são todos de contas a pagar. Se Virgínia queria ser como Izolita, que se refugia na falta inóspita, Janaína queria ser como Isolda, que é livre para amar a tudo, a todos e a si mesma. Isolda, sim, consegue tudo o que quer: amor estável, amor eterno, amor pequeno, amor finito. Amor que explode, amor que nasce a cada dia. Sexo selvagem, sexo com carinho. Isolda tem tudo o que quer: amor de homens, amor de mulheres, amor da vida. Isolda se confunde com Justiça. Eu a confundo com amor puro e pleno.

mas fugi do assunto. Estou tentada a desativar meu muro, minha janela sobre as dores. Estou tentada porque, se hoje eu não choro com a falta que me faz, ontem passei duas horas seguidas banhada em lágrimas. Ontem eu fui solidão sem querer ser. Hoje, eu sou falta porque quero. Mas, daqui duas horas sei que estará em casa, e nenhuma mensagem vai chegar no meu celular, e eu voltarei a ser Janaína: ciumenta, melodramática. Serei dor ao triplo: serei Izolita, Janaína e Virgínia - ao mesmo tempo.

Nenhum comentário: