"As práticas contraceptivas e o aborto no Brasil
Karen Giffin e Sarah Costa
No Brasil, a oferta de métodos contraceptivos nos serviços públicos é extremamente deficiente, apesar da existência de um programa de assistência integral à saúde da mulher (o PAISM), que deveria garantir o acesso à informação e a todos os métodos.
Em um contexto caracterizado pelo agravamento da pobreza, o que aumentou a necessidade de diminuir o número de filhos, a decorrente dependência do setor privado para os meios de controle da fecundidade teve duas consequências principais: uma restrição quase que completa da oferta a basicamente dois métodos contraceptivos (a pílula e a esterilização) e uma separação entre práticas de controle da fecundidade e atenção à saúde, no caso das mulheres pobres.
A pílula, usada pela maioria sem acompanhamento médico, é comprada nas farmácias com recursos próprios, apesar de contra-indicações ou doenças manifestas, e é usada erradamente em muitos casos. Isto leva ao aumento dos efeitos colaterais, o que fortalece a tendência ao uso errado. É provável ainda que, nestas condições, as mulheres experimentem vários tipos e dosagens num processo marcado pela descontinuidade
Qualquer experiência descontrolada certamente aumenta a possibilidade de efeitos colaterais e gravidezes não-desejadas que, por sua vez, aumenta muito as chances de chegar a um aborto."
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